ISBN: 9788581053103
Autor: Stephen King
Ano: 2015
Páginas: 376
Editora: Suma de Letras (Objetiva)
Idioma: Português
Gênero: Ficção/Horror
Sinopse: Sinopse: Em uma cidadezinha na Nova Inglaterra, mais de meio século atrás, uma sombra recai sobre um menino que brinca com seus soldadinhos de plástico no quintal. Jamie Morton olha para o alto e vê a figura impressionante do novo pastor. O reverendo Charles Jacobs, junto com a bela esposa e o filho, chegam para reacender a fé local. Homens e meninos, mulheres e garotas, todos ficam encantados pela família perfeita e os sermões contagiantes. Jamie e o reverendo passam a compartilhar um elo ainda mais forte, baseado em uma obsessão secreta. Até que uma desgraça atinge Jacobs e o faz ser banido da cidade. Décadas depois, Jamie carrega seus próprios demônios. Integrante de uma banda que vive na estrada, ele leva uma vida nômade no mais puro estilo sexo, drogas e rock and roll, fugindo da própria tragédia familiar. Agora, com trinta e poucos anos, viciado em heroína, perdido, desesperado, Jamie reencontra o antigo pastor. O elo que os unia se transforma em um pacto que assustaria até o diabo, com sérias consequências para os dois, e Jamie percebe que “reviver” pode adquirir vários significados.
Classificação: 4/5 - Favoritado
Com sua primeira publicação em novembro de 2014 pela editora Scribner dos Estados Unidos, Stephen King vem pra provar com Revival que suas obras podem e irão continuar trazendo a essência pelo qual o autor ficou conhecido: o horror.
Revival não é uma história de horror cheia de assassinatos brutais como pode ser lido nas obras anteriores do King. Mas Revival, é sim, um horror daqueles com clima pesado, envolto no pessimismo. O que me chamou muita atenção foi a maneira bem conduzida da trama, que conta a história de dois personagens principais. O primeiro, Charles Jacobs introduzido como pastor de uma pequena comunidade no Maine e que ao fim se torna o psicótico da história (porque Stephen King sem psicóticos é redundante). Jacobs realizou curas, mas curas perigosas, resultadas da fé dos necessitados e, acima de tudo, da ciência da eletricidade que o pastor Frankestein considera como criadora de tudo.
O segundo personagem, Jamie Morton, é o contador dos fatos e a principal cobaia do pastor. Sessenta anos da vida dessa pessoa e ao final sobra o misto de admiração e inconformismo. Será que Jamie precisaria ter ido mesmo tão longe? Será que da mesma forma que ele serviu como chave para um mundo externo, ele não poderia ter sido a mesma chave pra fechar a calamidade que o ex-reverendo Jacobs criou nesse mundo?
Como citei acima, toda a vida de Jamie Morton é detalhada nessa narrativa do King. Jamie, caçula de cinco irmãos, criado em um modelo religioso tradicional em uma cidade pequena. Na adolescência, passa a descobrir o rock and roll e, diante disso, inicia sua carreira como guitarrista, inicia sua vida sexual e inicia sua lamúria: o vício das drogas.
Pode ser que eu decepcione nesta resenha ao optar não contar qual é a confabulação principal de Revival. Porém, caso queiram ter uma mínima ideia, a sinopse já diz muito. Creio que o livro deve ser aproveitado como acontecia antigamente, pelo menos comigo, quando ia até a biblioteca principal da cidade e lá escolhia um livro sem saber do que se tratava a história. Isso faz com que possamos nos atentar aos detalhes sem interferência de outras opiniões.
A leitura pra mim foi uma delícia. Pra quem gosta de referências, King nos dá um banquete completo. Ele cita muito bem as melhores bandas de rock da época (de Beatles até bandas folks regionais), faz menções aos seus próprios livros (como Joyland) e, o ponto mais espetacular, Stephen King dá uma aula de religião.
Toda a trama é fundamentada na fé, contudo, há no início uma fala do então pastor Charles Jacobs que me incitou a duvidar da minha própria crença. Foram sete páginas de um discurso que traduz todos os conflitos de uma humanidade: o extremismo religioso; o fato de a maioria de nós depositar em um Deus a forma como nossa vida será consequenciada; e o medo da morte.
O engraçado é que King é um homem religioso. Ele foi criado no Maine assim como Jamie e também participava de uma igreja metodista possivelmente conduzida por um homem como foi o reverendo Jacobs. Hoje, Stephen King continua acreditando em Deus, tendo sobrevivido a um “reavivamento” que foi o atropelamento que sofreu em 1999.
Embora classifiquei como “favoritado” a obra não é das minhas preferidas, mas considero leitura obrigatória. Tão pouco avaliei o livro como 5/5 porque o final exige um “pensar” que vai de desencontro com o clímax da história. A morte e a vida como são apresentadas no fim são contraditórias à forma como Jamie encarou ambas durante sua trajetória.
Ressalto que King é meu autor favorito e por isso difícil seria não me agradar.