Autor: Sophie Kinsella
Editora: Galera Record
Número de Páginas: 336
Ano de Publicação: 2015
Gênero: Romance / Ficção / Jovem adulto / Literatura Estrangeira
Sinopse: Audrey, 14 anos, leva uma vida relativamente comum, até que começa a sofrer bullying na escola. Aos poucos, a menina perde completamente a vontade de estudar e conhecer novas pessoas. Sem coragem de sair de casa e escondida por um par de óculos escuros, a luz parece ter mesmo sumido de sua vida. Até que ela encontra Linus e aprende uma valiosa lição: mesmo perdida, uma pessoa pode encontrar o amor.
Então eu li meu primeiro livro da Sophie Kinsella. Não poderia estar mais ansiosa e com as expectativas bem no alto; mas, talvez foi isso que tenha me desanimado com algumas partes de À procura de Audrey, o jovem adulto de estreia da autora. Apesar de ter dado 4 estrelas e de um modo geral ter gostado do resultado, algumas coisas me incomodaram e, consequentemente, me fizeram ficar meio irritada.
À procura de Audrey conta a história de uma adolescente com fobia social, transtorno de ansiedade generalizada e depressão, a Audrey. Após sofrer um ataque de bullying na escola em que estudava, a jovem acaba desenvolvendo tais transtornos e não saindo mais de casa e apenas vivendo presa em sua bolha de segurança. Com uma família grande, Audrey não consegue manter nem contato com eles direito, usando sempre um óculos escuro e morando em seu ''escritório'', onde geralmente está tudo em uma escuridão total. As coisas mudam quando Audrey conhece Linus, o amigo do seu irmão Frank.
"O problema é que a depressão não vem com sintomas práticos como pintinhas pelo corpo e febre, portanto não se percebe de primeira. Continua-se dizendo ''estou bem'' para as outras pessoas, ainda que não esteja. Você pensa que deveria estar bem. Segue repetindo para si mesmo: ''por que não estou bem?" - Audrey, pág. 32."
Narrado em primeiro pessoa, vamos acompanhando a trajetória de superação da Audrey. Vamos sendo guiados pelo olhar da adolescente. Seus sentimentos, medos, suas alegrias e todo o resto que a narração em primeira pessoa nos proporciona. Eu, particularmente, adorei a Audrey e a entendo do fundo do meu coração. Eu sou diagnosticada com Transtorno Depressivo Recorrente, não chega nem perto do que a Audrey passa, mas eu me coloquei um pouco em seu lugar e isso tornou a leitura mais completa.
Adorei a forma como a Sophie Kinsella introduziu Linus, o par romântico de Audrey. A interação deles, os limites sendo superados aos poucos, sem ser forçado ou maçante, a relação dos dois vão ganhando dimensões importantíssimas para a recuperação de Audrey. As idas a Starbucks, o esforço de Linus em ajudá-la, o carinho e cuidado que ele tem com ela, tudo isso é tão importante para que Audrey volte ao convívio em sociedade. Outro ponto positivo, é a terapeuta, Dra. Sarah, que deixa a história com um tom mais sério e real.
No entanto, como tudo não são flores... Algumas coisas na história me incomodaram. A primeira delas, é a mãe de Audrey, a Anne. "Mas por que ela te incomodou Anelise?", veja bem, eu achei ela exagerada demais, forçada demais e chata demais. Todas as cenas com a Anne eu achava imensamente insuportáveis e sufocantes. Eu sou uma pessoa muito calma e muito na minha, meus pais super respeitam meu espaço e me senti sufocada com as cenas da mãe da Audrey. Talvez se eu tivesse uma família mais barulhenta e extravagante, eu não a achasse chata, mas infelizmente acabei ficando de saco cheio dela. Principalmente nos surtos dela com o Frank.
Outro ponto negativo ao meu ver, veja bem, AO MEU VER, são as cenas do documentário que a Audrey faz como tratamento. Achei longas e deveras desnecessárias. Acho que a Sophie pesou a mão, porque são três páginas só descrevendo as cenas do documentário e isso também me deixou meio ''que saco!''. Sim, posso estar sendo meio chata agora, mas me incomodou muito as longas cenas desse filme que nossa protagonista estava fazendo.
"Sei racionalmente que olhos não são assustadores. São pequeno globos gelatinosos inofensivos. São tipo uma fração minuscula de toda a superfície do nosso corpo. Todos nós os temos. Então por que deveriam me incomodar? Mas tive muito tempo para pensar nisso e, se quer saber, a maioria das pessoas subestima os olhos. Para começo de conversa, são poderosos. Têm grande alcance. Você os foca em alguém a 30 metros de distância, em meio a um mar de gente, e a pessoa sabe que está sendo observada. Audrey, pág. 34 "
Em suma, é um uma ótima estreia da Sophie Kinsella no jovem adulto. É sempre importante trazer temas como transtornos psicológicos, bullying entre outras coisas, de uma forma mais leve, mas que ao mesmo tempo seja séria. De um modo geral, eu gostei muito da obra e da maneira que Sophie abordou o tema. Gostei dos personagens, exceto da mãe de Audrey, gostei da forma de escrita e da capa do livro. Essa edição é realmente bonita.
Um ótimo lançamento para o ano de 2015 e acredito que todos deveriam ler e se interessar por esse assunto. A abordagem mais leve da Kinsella pode ajudar em quem tem interesse de ler algo do gênero e do tema, mas que não quer nada muito sério e complexo. Fica a dica para quem quiser entender mais sobre o mundo dos transtornos psicológicos e suas consequências e superações. Se você já leu, me conta nos comentários! Até mais!